terça-feira, maio 06, 2008

...e foi assim...

Previamente à entrada em palco dos Einstürzende Neubauten, assistimos a cerca de 20 minutos de pura criação noise-experimental sob o comando de Tore Honore Boe; dezenas/centenas de sons, ruídos, melodias hipnóticas retiradas duma caixa amplificada e...enigmática...o que era aquilo, afinal??
Com uma plateia altamente disciplinada, como vem sendo hábito, e elogiada pelo próprio Blixa, decorreram 15 minutos de troca de palavras, de cigarros e últimas afinações...sim, afinações, porque também existem guitarras...se bem que, a título de curiosidade, o baixo eléctrico seja por vezes tocado com as cordas completamente largas...depois a infinidade de "instrumentos" que já conhecemos da mítica banda germânica...megafone, cabos de aço, redes metálicas, berbequim, tubos de canalizações metálicos e de pvc, vibradores, chapas de zinco/metal, ventoinhas em forma de disco de vinil aplicadas de forma diversa, motores em rotação, ora pinçados suavemente ora com maior agressividade, rádios dessintonizados, talheres em forma de cascata, bidões de plástico....etc...etc...a plena criatividade em êxtase!
É sempre uma experiência única vivenciar Einstürzende Neubauten...

Para apresentar o último disco de originais, "Alles Wieder Offen", o colectivo alemão surge em palco qual personagens de uma BD ou de um filme negro de série B; de facto, ao entrarmos no universo Neubauten penetramos num mundo "desconhecido e paralelo"; uma tipificação demasiadamente original onde cada um faz o todo...olhamos e vemos um enigmático e psicótico Blixa Bargeld como frontman, um extravagante Alexander Hacke a marcar toda a linha de baixo que caracteriza EN, um N.U. Unruh que parece que despiu o colete de forças nas mais variadas funções de ruídos, um Jochen Arbeit saído à pressa de um bar de strip para arranhar a guitarra, um Rudi Moser playboy ao serviço de todo o tipo e forma de percussão e por fim um teclista convidado apanhado à pressa entre a espera de um autocarro e um número de ilusionismo qualquer num circo de 3ª categoria...
O vedetismo não entra nestes senhores...considerados por muitos, de forma unânime, como a banda mais emblemática da música experimental/industrial a fácil, simples e sincera comunicação com o público é uma evidência.
Caos versus Silêncio...é de facto, talvez, a melhor forma de caracterizar um concerto de EN; muito mais comedidos e menos ruidosos que outrora, as músicas levitam ora em melodias harmoniosas que dão vontade de sonhar ora em explosões apocalípticas onde a vontade de gritar é muita; percorrido todo o novo disco, com dois encores à mistura, ainda deu tempo de ir recuperar sonoridades mais antigas como "Sabrina" ou "Dead Friends"; interessante...o jogo DAVE - um saco com N cartões onde cada um tira instruções sobre o que há-de fazer......ao acaso...improvisando....assim assistimos à criação de mais um original de EN...
Ficamos à espera do concerto de comemoração dos 30 anos de carreira...faltam só dois anos...
Einstürzende Neubauten - Dead Friends
(04/05/08 Aula Magna)

Einstürzende Neubauten - Let's do it a dada,...
(04/05/08 Aula Magna)


Einstürzende Neubauten - Nagorny Karabach
(04/05/08 Aula Magna)


4 comentários:

carLa disse...

Escreveste um belo texto, Trópico! O concerto foi isso tudo... soube tão bem :))

Trópico disse...

O teu ar "aparvalhado" no final também foi muito giro :) eu avisei-te...:)Bom demais!!

carLa disse...

;))

Leonor Martins disse...

Domingo foi a minha banda sonora entre ruas e ruelas em Barcelona...hoje na hora da condução...mesmo não sabendo "ponta" de alemão!